Virgindade
Para introduzir o assunto, deixamos aqui o depoimento de uma rapariga em concreto mas que poderia ter sido feito por qualquer rapariga (ou rapaz) da sua idade:
"Há uns dias atrás, estive a ver um filme, daqueles de adolescentes, em que os protagonistas (um casal de namorados) passaram mais de uma hora (o que em termos de tempo ficcional, se traduzia em meses) num 'chove não molha' de fazer dó. Ele, sempre a insistir, a dizer que a amava e que fazer amor com ela seria a prova disso mesmo. Ela, sempre a retrair-se e a dizer que não tinha a certeza, que não estava preparada, que a mãe não queria, o pai não deixava, etc. e tal.
Muito tempo depois, lá se decidiram a passar a noite juntos. E não é que, no dia seguinte, toda a gente da escola já sabia que eles 'o' tinham feito?! Não, ninguém disse nada... Os colegas apenas viram nos olhos deles, sentiram!
Eu pensei 'bolas, como é que eu vou explicar ao Pedro que afinal na sexta-feira já não vou lá dormir a casa dele?!'... E, ainda por cima, andou a poupar o dinheirito do part-time; durante meses para poder pagar um fim-de-semana (longínquo) aos pais só para estar sozinho comigo..."
É impressionante como há bem pouco tempo (se tivermos em consideração os milhares de anos que tem o nosso planeta) uma rapariga que já não fosse virgem, tinha um problema enorme entre mãos. Estava desonrada, desgraçada e não arranjava homem que a quisesse!
Agora, as posições inverteram-se e são as virgens que têm mais problemas.
Parece mentira, mas é mesmo assim que as coisas funcionam hoje em dia... São as virgens (e os virgens) quem se vê "aflito" para se assumir. Ah, pois! Não é nada fácil afirmar que se é virgem quando toda a gente se entretém a contar as aventuras (reais ou inventadas) da sua última relação sexual...
Das duas uma: ou se diz a verdade ou, muito convincentemente, se inventa uma mentira "fabulástica", com todos os pormenores íntimos e detalhes sórdidos. Adivinha qual é a opção mais escolhida?...
Acredita que o início da vida sexual não é fácil para ninguém. Nós bem tentamos pensar que é a coisa mais natural do mundo (afinal, se até os bichinhos o fazem, por que não nós?!), mas, no final das contas, saímos com o saldo da confiança bem negativo. A balança pesa sempre mais para o lado dos medos, preconceitos e dúvidas, muitas dúvidas!
Mas não penses que és o/a único/a a passar por isto... O "problema" é geral! Nada de anormal, se tivermos em consideração que passámos a infância toda a sermos educados socialmente para reprimir os nossos impulsos sexuais. Ainda está tudo tão ligado ao pecado que nos é quase impossível dissociar uma coisa da outra.
Por outro lado, se nem sequer nos dizem nada sobre o assunto, se pura e simplesmente o evitam, acabamos por acreditar que é tabu.
Seja como for, não há maneira de agradar gregos e troianos. A única coisa que podes tentar (frisa-se bem que é tentar) fazer é agradares-te a ti próprio. Não, espera! Não estamos a falar de masturbação... Podia ser, mas não é! Estamos, sim, a falar de seres tu a decidir a tua hora certa, o teu timing, o teu momento!
Para isso, não deves ceder a qualquer tipo de chantagem, seja ela de que tipo for (para que o faças ou para que o deixes de fazer... Chantagem é chantagem!!!).
Por esta altura, as raparigas devem estar a pensar "pois, pois! Que eu saiba, são os rapazes que fazem a chantagem e as raparigas é que a sofrem na pele!". Até pode ser que isso corresponda à verdade, mas quem já não ouviu falar de rapazes cujos pais, num acto de "paternalismo exacerbada", os levaram até às "meninas" para perderem a virgindade?
Já pensaste nos problemas psicológicos que isso pode representar para um rapaz no início da puberdade? Ficam nervosos, não conseguem manter uma erecção (ficam logo a pensar que sofrem de impotência!), ou então acontece tudo depressa demais... É uma idiotice pegada!
Pois é! Parece que afinal, estamos todos no mesmo barco. Sejam homens ou mulheres, fica-se sempre à rasca no que diz respeito à primeira vez... Supostamente, seria muito bom, seria uma forma de descobrir o corpo, de aumentar a intimidade e a cumplicidade entre o casal...
Mas então por que carga de água é que se faz uma tempestade tão grande num copo de água? Afinal de contas, o que é a virgindade para causar uma confusão destas proporções?
Bem, tecnicamente uma pessoa é virgem se não tiver tido relações sexuais... Parece muito simples, não é?
Não, não é!
O conceito de virgindade é muito "relativo". Senão, vejamos: será que uma pessoa que, apesar de nunca ter ido até ao fim, conhece os preliminares todos, ainda é virgem? Boa pergunta...
Normalmente (e, repara, não quer dizer que o contrário seja anormal) os rapazes estão mais ansiosos por perder o rótulo de virgens... Algo que a sociedade os pressionou a fazer desde pequenos. Por isso, considera-se que só quando há penetração é que eles passam efectivamente para o outro lado da "barreira"... São homens!
Já as raparigas...
Bom, as raparigas passam por um sem-número de dores de cabeça por causa deste tema. Ou é porque usam tampões e têm medo de perder a virgindade (errado!), ou é porque tiveram relações com o namorado mas, como não houve sangramento, não sabem se continuam ou não virgens... Não é nada fácil!
Na realidade, se tivermos em consideração a ideia segundo a qual uma rapariga é virgem até haver o rompimento do hímen, não há que enganar: mesmo que já se tenha passado por várias experiências sexuais, continua-se virgem desde que não haja penetração vaginal, certo?
Errado! Então e o que dizer daquelas raparigas que rompem o hímen acidentalmente? Sim, isso pode acontecer quando se pratica um desporto mais violento (mas é raro), o que não quer dizer que a moça em questão já não seja virgem, não é?!
Quanto ao tampão, não é preciso estar com preocupações:
1.º - O hímen permite a entrada do tampão sem problemas. Não é por aí que o gato vai às filhós!
2.º - A membrana (hímen) é perfurada por um ou vários orifícios (por onde passa o sangue menstrual e por onde o tampão entra sem problemas). Além disso, pode ser "hímen complacente" (pode nunca "romper", nem com a relação sexual - essa moça não sangrará).
Mas achas realmente que é o hímem o responsável pela virgindade de uma rapariga? Achas mesmo?
Sabias que a palavra hímen deriva de Himeneu, a divindade da mitologia grega que conduzia o cortejo nupcial?
Não deixa de ser engraçado que tenham adoptado exactamente essa palavra para designar a pureza de uma mulher. Afinal, antigamente era assim que se provava a castidade feminina - na noite de núpcias, esperava-se que a mulher sangrasse. Caso isso não acontecesse... Bem, já se sabe!
No entanto, parece muito forçado estarmos a dar tanta relevância moral, religiosa, social e individual a uma pequena e biologicamente insignificante membrana que existe na vagina de uma mulher virgem. Ainda para mais, se pensarmos que cerca de 15% das mulheres tem o tal hímen complacente, ou seja, são tão flexíveis que não se rompem facilmente. O que dizer nesses casos?
Agora há uma novidade relativamente recente: operações para restaurar o hímen...
No fundo, deixar de ser virgem tem a ver com a realidade de uma nova experiência, de novos prazeres, novas responsabilidades e riscos também. O importante é estar seguro/a sobre a opção de iniciar uma vida sexualmente activa. Esta é uma opção individual, que não deve ser forçada por motivo algum! Há rapazes que exigem provas de amor (pois...) que geralmente consistem na entrega física delas. Compete, por isso mesmo, às raparigas deixar claro que o amor se demonstra atrvés das coisas mais pequeninas (leia-se importantes), um gesto, uma atitude... Não é, não pode ser só resumido ao sexo!
Sem haver respeito pelo outro não se pode falar de amor!
E como saber qual a hora exacta para a primeira vez? Simples! Não existe uma idade determinada, um dia ou uma hora. Deve-se apenas estar tranquilo/a e consciente para lidar com as mudanças, pois será a partir daí que o momento se tornará inesquecível.
Mas, independentemente da hora, local e companhia, uma coisa é certa: não te esqueças dos contraceptivos!